Pontuações sobre libido e pulsão e auto-erotismo e narcisismo

2 de junho de 2017by Ato Freudiano0
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Pontuações sobre libido e pulsão e auto-erotismo e narcisismo¹

Jorge Lossano Villaça²

Freud admite dificuldades que o leva a formular duas questões:

Primeira – Qual a relação do narcisismo com o auto-erotismo?

Segunda – Qual a diferença entre uma libido sexual e uma energia não-sexual pertencente às pulsões do Eu? Toda a dificuldade está na distinção entre a energia das pulsões do Eu e libido do Eu, e entre a libido do Eu e a libido objetal. Essa segunda questão já foi tratada quando abordamos em nossa leitura a proposição freudiana de uma classificação para as pulsões originais diferenciando-as em: Pulsões do Eu (auto-conservação) e pulsões sexuais.

 

Libido – força quantitativamente que permite medir os processos e transformações da excitação sexual. É distinta de outras formas de energia psíquica, o que permite atribuir também um caráter qualitativo.

 

Pulsão – nunca aparece como uma força momentânea de impacto é sempre uma força constante.

 

A pulsão é diferente de estímulo. É o representante psíquico dos estímulos que se originam dentro do organismo e alcançam o psiquismo – Representante psíquico das forças orgânicas. Tem origem no organismo e atuam no psiquismo, ou seja, o estímulo ou excitação endógena atua como uma força geradora de um impacto isolado, que num primeiro momento origina-se nas células do corpo, produzindo as necessidades principais ou básicas: fome, sede, respiração e sexualidade.

 

Narcisismo – fase intermediária entre auto-erotismo e amor objetal.

 

Narcisismo secundário – se constitui a partir do retorno dos investimentos anteriormente feito nos objetos e redirecionado ao Eu, superposto ao narcisismo primário (auto-erotismo).

 

Auto-erotismo – descrito como estado inicial da libido, onde as pulsões, presentes desde o início, buscam satisfação no próprio corpo. Freud supõe que uma unidade comparável ao Eu não esteja presente no individuo desde o início – Narcisismo primário.

 

No segundo ensaio sobre a teoria da sexualidade aborda o chuchar (sugar como deleite) como uma manifestação sexual infantil que consiste na repetição rítmica de um contato de sucção com a boca do qual está excluído qualquer propósito de nutrição. Embora partes do corpo sejam tomadas como objeto, o que Freud tem em mente são as representações psíquicas dos objetos e não os objetos do mundo exterior. O chuchar – traço da prática sexual infantil onde a pulsão não esta dirigida à outra pessoa, satisfazendo-se no próprio corpo é auto-erótica (narcisismo primário).

A atividade sexual apóia-se primeiramente numa das funções que servem à preservação da vida-satisfação erógena associada à necessidade de nutrição- e só depois se torna independente dela.

Portanto, a criança toma seus objetos sexuais a parir de suas experiências de satisfação. O auto-erotismo nasce do apoio das funções somáticas vitais sem nenhum objeto sexual.

 


 

¹ Trabalho apresentado no Seminário de Leitura de Sigmund Freud, em 18 de Abril de 2012.

² Psicanalista, membro do Ato Freudiano Escola de Psicanálise de Juiz de Fora.

 


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